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KARLA TEIXEIRA

TANTOS CERRADOS LEGITIMAM O EU KALUNGA – UMA ANÁLISE A PARTIR DOS USOS E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO QUILOMBOLA KALUNGA DO NORDESTE GOIANO.
Karla Teixeira[1]

Resumo:
Este artigo tem como foco principal a compreensão da dinâmica de usos e ocupação do bioma Cerrado, garantindo o direito de uso do Território Quilombola Kalunga fortalecendo os vínculos identitários das comunidades. É notório ao analisar o contexto que os sujeitos ali inseridos estabelecem uma relação intrínseca com o meio natural, fazendo com que o Cerrado seja essencial para a sobrevivência, assim como para a organização política, religiosa e social das comunidades em análise. Diante do vinculo estabelecido do sujeito com a terra, observou-se aspectos singulares à dinâmica fundiária do território, uma vez que esta é caracterizada pela estrutura ancestral, existindo uma permanência de gerações em todas as comunidades analisadas. Dessa forma os sujeitos sociais determinam a configuração de novos arranjos produtivos e/ ou permanência de organizações passadas, a partir disso nota-se a disposição dos conflitos no interior do território, onde este pode ser visto no contexto familiar, assim como no contexto horizontalizado (território). A falta de diálogo entre os municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás pode ser um agente colaborador para a configuração de um território socioambientalmente fragilizado.




Palavras-chave: uso e ocupação do Cerrado, comunidades Kalunga, sujeitos sociais, sociobiodiversidade.



A temática no território

Ao se fazer uma análise do território a partir dos usos do cerrado, inter relacionando-os com comunidades tradicionais, nota-se a relação “umbilicalmente” [2] tramada entre aquelas e os recursos naturais.
Dessa forma, com a inserção de novos arranjos produtivos nos remanescentes de cerrado, nota-se que a relação do homem com o meio tem se estreitado, onde este aspecto é resposta aos “novos” valores econômicos que se chocam com os significados dos usos do bioma de forma tradicional.
Mesmo que o discurso naturalista seja enfraquecido pelas práticas agropastoris tidas como modernas, ao se abordar a dinâmica das populações tradicionais evidencia-se a necessidade de conservação do território cerradeiro em comunidades quilombolas, indígenas, entre outras, uma vez que mantêm uma relação direta como os recursos naturais assegurando sua sobrevivência.   
 A trama estabelecida pelos usos do território expõe os atores sociais a manifestações socioespaciais de uma grandeza inexplicável, que caracterizam a configuração dos espaços por si só, respondendo de forma dinâmica aos movimentos criados e desfeitos naturalmente.
Exemplo disso pode-se ter a logística das moradias e de centros religiosos, cantigas que demonstram o laço existente entre o meio natural e os afazeres domésticos, assim como as danças entoadas com o couro e madeira às vezes tida como endêmica, mas o migrante trouxe a este modo singelo e significativo de se apropriar do cerrado, uma visão ambiciosa que caracteriza uma leitura dos territórios a partir da sistematização das atividades ligadas ao ecoturismo pelo alto potencial hídrico das comunidades Kalunga, fazendo do cerrado e sua gente, uma “presa” fácil.
Então, para que garanta a preservação de práticas culturais, sociais, assim como econômicas de forma sustentável, é necessário o reconhecimento dos usos da terra no Território Kalunga.
Desse modo, sendo o cerrado a principal fonte de renda para inúmeras famílias (venda de garrafadas, frutos cerradeiros, doces, artesanatos, entre outros) é a partir de seus usos que se definirá os atores sociais envolvidos na combinação e configuração dos territórios dentro das comunidades quilombolas de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, assegurando o direito da terra.
Mesmo que a dinâmica estabelecida dentro das comunidades tradicionais evidencie a necessidade de reconhecimento dos usos e atores sociais envolvidos na ocupação da terra em Território Kalunga, Raffestin (1993) afirma que o território é um espaço modificado pelo trabalho e releva relações de poder com signos cotidianos, caracterizando um cenário de espera por políticas que atendam os anseios das populações tratadas aqui.
Diante da proposta, cabe a geografia desvendar através das relações sociais os distintos arranjos territoriais, partindo do princípio que o que é visível inicialmente em um espaço dado é uma paisagem refletindo recortes temporais do momento, mesmo que sua essência carregue a história cristalizada de outros momentos, pois o uso redefinido ou incorporado se constitui em um novo contexto.
A pesquisa fora realizada nas Comunidades Quilombola Kalunga: Vão do Moleque, Vão de Almas, Maiadinha, Engenho II, Contenda, Ribeirão dos Bois e Prata (Cavalcante), Monte Alegre e Teresina de Goiás (Figura 01), a partir de um cronograma que fora pensado em doze meses.

Figura 01 – Caracterização da área de análise. Fonte: CRISTOVÃO, 2009.

Metodologicamente a pesquisa fora pensada de forma sistêmica a partir de levantamento de dados qualitativos e quantitativos dentro de um contexto histórico e dialético.

O Cerrado e o Eu Kalunga
            Vistos como remanescentes os Kalunga e o bioma Cerrado mantém uma relação intrínseca, e epistemologicamente esta afirmação está sujeita a questionamentos, uma vez que não se tratam de uma memória, apesar de ambos estarem cristalizados na dinâmica do nordeste goiano.
            Diante do fato de serem e estarem expostos aos arranjos econômicos, sociais externos e internos, tanto o Kalunga como o bioma Cerrado necessita de políticas holísticas capazes de assegurar a permanência desta relação entre o sujeito e o seu ambiente de vivência.
            Sendo o território considerado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) patrimônio Histórico e Cultural, a partir de aspectos “tangíveis e intangíveis que são herdados do passado ou repensados recentemente”, caracterizou-se principalmente através de manifestação comuns aos proprietários, para Mauss apud Almeida (2010) o território é extensão moral de seus “donos”, com essência social e espiritual.
            Dessa forma o território Kalunga, representado pela relação do sujeito e  o Cerrado; por meio destes elementos visíveis e simbólicos, desenham a identidade dos grupos inseridos tanto em Cavalcante, Monte Alegre como em Teresina de Goiás. A materialização deste espaço é transmitida para futura gerações que já não possuem as mesmas expectativas e ligação com uma terra que carrega em seus vãos o valor da identidade construída com muita luta e suor de um povo resistente.
            Exemplo deste processo de resistência pode-se apresentar a organização, distribuição dos núcleos familiares diante da acessibilidade de recursos, tendo em vista a água (Figura 02). Nota-se que a princípio a disposição dos recursos naturais garantiu a segurança dos indivíduos assim como segurança alimentar das famílias atuando como fator determinante para a localização dos núcleos.


Figura 02 – Crianças utilizam água do rio para a manutenção doméstica. AGUIAR, 2011.

            O cerrado respondeu por décadas a sobrevivência dos sujeitos nas comunidades Kalunga, com seu modo particular de se apropriar dos recursos. A princípio, os usos se faziam necessariamente para assegurar a subsistência, mesmo que o excedente tivesse destino certo; a troca a partir da rota determinada pelo curso do Rio Paranã, este tinha a função de interligar o nordeste do Estado de Goiás à região norte do país.
            O lidar com a terra, proporciona a sistematização da cultura negra rurícola Kalunga, pois para Claval (1995), as distintas formas de interação do sujeito com o natural configuram uma cultura a partir do modo de enraizar-se no território.
            Os meandros estabelecidos pelos vales revelam singularidades do território Kalunga, especificidades culturais, sociais, religiosas, econômicas e políticas que legitimam a relação recíproca existente entre o eu Kalunga e a sua terra, representada necessariamente pelo cenário cerradeiro.
            Esta afirmativa pode ser comprovada por inúmeras situações, a exemplo disso estão as formas de beneficiamento de frutos do cerrado, assim como a construção das residências, uso das plantas e raízes de forma medicinal, além das manifestações religiosas.
            Nota-se que o enraizamento destes sujeitos no território goiano se deu de forma involuntária ao se analisar o contexto histórico das famílias ali encontradas, mas a sistematização de suas vidas fora deste cenário não é algo pensado por nenhuma das comunidades visitadas.
            Este fato mostra necessariamente que a identidade do Kalunga fora estruturada a partir do meio o qual os apresentaram como ambiente de vida, seus hábitos são estimulados pela dinâmica natural. O plantio de suas roças (Figuras 03 e 04), assim como a colheita respeitam um ciclo que muitos consideram alterado a partir das intervenções externas dentro do território, a exemplo disso está os inúmeros focos de incêndio que a comunidade de Engenho II, Vão do Moleque, e de Almas enfrentam todos os anos. Mesmo que a queima faça parte dos métodos de manutenção da lavoura por parte do Kalunga, o uso daquela de forma descontrolada influencia na dinâmica das comunidades.


Figura 03 – Hortas criadas a partir do sistema mandala (SEBRAE). Fonte: TEIXEIRA, 2011.
Figura 04 – Plantio Consorciado de lavoura de milho, abóbora e feijão. Fonte: TEIXEIRA, 2011.

            O Kalunga reconhece através de seus hábitos a importância do cerrado nas organizações da comunidade, mesmo que este aspecto necessite de reforço principalmente com as “novas” gerações. Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás apresentam respostas distintas ao se observar à relação existente entre o mais velho, os jovens e a terra. Nota-se que a cidade atrai os mais novos, pelas facilidades proporcionadas, mas até mesmo por se tratar de uma relação hierárquica, todos mantêm laços com suas origens.
            Mas existe um aspecto que deve ser abordado diante dessa situação, o jovem Kalunga que não teve relação direta com o lugar de origem de seus antepassados não possui interesse em participar da organização do território de um modo geral, mas já aquele que direta ou indiretamente contribui para a configuração de seu núcleo familiar que por conseqüência estimula a funcionalização de toda a comunidade; este participa e demonstra interesse em permanecer no território, pois sua identidade fora construída ali (Figura 05)



Figura 05 – Gerações diferentes da Família Santos Rosa. Fonte: TEIXEIRA, 2011.

Os sujeitos no território
            Em um cenário caracterizado pelas políticas ambientais do Estado como remanescente, o Cerrado assim como sua gente é alvo de empreendedores e empreendimentos que engessam a organização subsistencial ali existente ao fechar estradas, alterar o fluxo de transito nas vias vicinais antes transitadas por pequenos automóveis e animais de carga, assim como a partir das propostas de arranjos produtivos para a região.
Os moldes pregados pela força avassaladora do capitalismo podem ser vistos nas comunidades onde em algumas destas, a organização se faz a partir da reprodução das formas urbanas. A ciência geográfica assim como os parâmetros que foram utilizados para elaboração desta análise influencia para que se fuja da idéia de conservação da cultura a partir da falta de acesso, mas este aspecto também proporciona uma inquietude ao visualizar as respostas dadas pelos sujeitos da pesquisa a este processo tido como avassalador.
Nota-se que no momento em que se coloca em questão a regulamentação do território para facilitar a organização e/ ou implementação de uma política interna, os conflitos aparecem como parte desta discussão, uma vez que os interesses se divergem. Não existe um diálogo entre os municípios os quais o território Kalunga está inserido, dificultando e desfavorecendo o fortalecimento das organizações políticas locais. As buscas ambiciosas e individuais delimitam o território, que se mantém valorizado pela ótica do capital, o qual já tem metas para explorar sua gente, e seus recursos.
As mudanças dos hábitos são nítidas, e a proximidade com os centros urbanos impulsionam esta manifestação. O “novo” apresentado no corte de cabelo, moldados em sua maioria pela química dá lugar ao singelo e encaracolados cachos; o vestir reproduz a moda ditada pela mídia que atinge desde crianças aos mais velhos. As moradias já não são construídas com o adobe feito no fundo das propriedades, e nem cobertas com palha de buriti.
Para Castro (2009), as transformações históricas levaram as sociedades camponesas a um processo de mudança que interferiu não só em sua estrutura familiar, mas também em sua organização econômica, pois tiveram que se colocar dentro de uma nova ordem de relações imposta pela sociedade capitalista.
Os anseios das comunidades são distintos, os sujeitos necessitam garantir sua sobrevivência em um Cerrado que já não responde as expectativas, uma vez que este fora apropriado por distintos atores sociais antes desconhecidos pelas comunidades, os quais limitaram seu ir e vir engessaram suas organizações e tendem a tornar a vida inviável para aqueles que permanecerem ali.
A partir disso, notou-se que a maior parte dos sujeitos inseridos no território Kalunga se vem despreparados para enfrentar o “novo”, seja este representado pela dinâmica econômica ou simplesmente como resposta dos moldes culturais citadinos.
Diante do interesse coletivo, ao analisar a organização política das comunidades sendo estas representadas pelas associações e/ ou cooperativas, o resultado não se difere ao já mencionado, os municípios possuem buscas divergentes, possuindo associações nos principais núcleos do território, mas que não possuem voz ativa ao trazermos para o debate o território quilombola Kalunga como um todo. Dessa forma, os interesses comuns são enfraquecidos, ficando a mercê de políticas pontuais e momentâneas.
É preciso salientar que no momento de campo compreendeu-se que os arranjos propostos pela técnica e pela ciência não condizem com os reais anseios das comunidades, pois estas possuem buscas que não se enquadram com os interesses de algumas instituições de pesquisa. A exemplo disso está as inúmeras pesquisas que são feitas e se repetem ao se apropriar dos sujeitos e/ ou do território Kalunga.
O arranjo territorial Kalunga necessita da organização de um Consórcio Intermunicipal do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga afim de organizar um diálogo fortalecedor da discussão, no momento em que foi possível socializar a temática com os grupos gestores de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, estes se mostraram interessados em unificar os interesses, facilitando a atuação do poder público a partir de políticas públicas no território.

Território Kalunga – Ontem e hoje a partir da ótica econômica
Inseridos na região nordeste do Estado de Goiás os municípios os quais o território quilombola está incluso, refletem a dinâmica da microrregião da Chapada dos Veadeiros, onde o bioma cerrado apresenta ser remanescente alvo das políticas de preservação ambiental, onde empresas atuantes em outras regiões do Estado possuem suas reservas legais por ali, inviabilizando a gestão destas áreas pelos municípios, assim como pelas populações rurais.
Já mencionou-se algumas problemáticas vividas pelas comunidades quilombolas, assim como pelas comunidades rurícolas da região de análise, pois o problema se alastra sem controle, uma vez que os grupos gestores vazem vista grossa para a dinâmica extrativista.
A economia da região nordeste nunca teve uma expressão para o Estado que por sua vez se mantém alheio aos problemas locais, que variam desde o uso da terra e recursos sem a respectiva licença ambiental, assim como problemáticas sociais que por muitas vezes são causadas por esta dinâmica clandestina.
Os jovens precisam se politizarem para articularem e questionarem quem são os sujeitos e o querem dentro do território Kalunga. Em algumas comunidades como no Vão de Almas, Engenho II e em Monte Alegre a comunidade jovem possui voz ativa dentro dos núcleos, participando ativamente das organizações ali existentes, como escolas, assim como se preparando academicamente para tanto.
O preparo de todos os membros do território se faz necessário também como forma de defesa, pois os atores externos os vêem como um organismo desprotegido, sujeitos a mudanças involuntárias e com conseqüências irreversíveis.
Por se tratar de uma região de difícil acessibilidade, mas com vasta potencialidade hídrica e mineral, as comunidades quilombolas estão isoladas de políticas que assegurariam o bem estar étnico, social, econômico, deste “povo cerradeiro”[3].  Dessa forma o assistencialismo impregna as ações governamentais possuindo fins políticos que não dão suporte para o desenvolvimento econômico das comunidades.
Reféns da proposta governamental, os Kalunga em algumas das localidades pesquisadas em Cavalcante, possuem suas práticas agrícolas fragilizadas, pois a terra já não responde as formas tradicionais de manutenção usadas, assim como pelo auxílio proporcionado pelo Estado, causando dependência financeira, tornando-se presa fácil dos interesses políticos temporários.  
Respondendo tal ação, as populações que mantém usos estratégicos com o bioma cerrado se tornam cada dia mais dependentes destas fontes de renda assistenciais, pois o mercado de trabalho exigente, já não abre as portas a trabalhadores que sabem somente lidar com a terra.
Expostos a grileiros com ofertas exorbitantes, o Kalunga tem se rendido as ambições momentâneas gerando conflitos internos e externos com os sujeitos envolvidos na dinâmica de configuração do território cerradeiro, mas é necessário salientar que este aspecto não se generaliza à todas as regiões analisadas, uma vez que a grilagem já fez parte de outros momentos desta região de forma intrínseca.

Finalizando a reflexão
O projeto de pesquisa buscou compreender a dinâmica de usos do Bioma Cerrado a fim de garantir o direito de uso da terra no Território Quilombola Kalunga. Diante desta proposta, pode-se evidenciar que as relações socioeconômicas e culturais estabelecidas dentro do território que são respostas moldadas ao processo histórico provocadas pela materialização do espaço, solucionando assim os anseios religiosos, estéticos e ideológicos dos grupos ali inseridos.
Dessa forma, a apropriação da paisagem cerradeira pelas comunidades tradicionais assume papel fundamental no processo de desvendar particularidades, onde os sinais de mudança no contexto cerradeiro é presente “na fala das pessoas, no arranjo das formas espaciais, nas respostas emitidas pela natureza diante do uso acelerado que tem sido”[4] proporcionado por distintos atores sociais.
Respondendo as necessidades estabelecidas por quem está inserido nas comunidades Kalunga assim como aos anseios do sistema produtivo, o território tem apresentado essências distintas que fazem de sua naturalidade passageira, fazendo com que estabeleça por inúmeras vezes confrontos diretos entre a busca pelo desenvolvimento econômico e as práticas de conservação social e ambiental.
Neste caso, assim como as comunidades, o bioma cerradeiro tem sido exposto aos novos usos do território, respondendo as políticas que garantam a hegemonia do sistema econômico nacional, a exemplo disso estão os investimentos à construção de PCH[5], entre outros. Considerando o cerrado como o “oásis” da produção agrícola, energética, assim como gerenciador de atividades ecossustentáveis os atores sociais envolvidos nestas discussões usam de suas forças principalmente políticas ao expor argumentos que valorizam suas práticas esquecendo-se daqueles que mantêm uma relação direta com o bioma cerrado através de seus usos, pois “o fato é que a vida social de um indivíduo é trazida de símbolos que podem vir de tempos remotos e se apresentar com vigor junto aos símbolos presentes”.[6]
Neste âmbito, esta pesquisa apoiou-se nas formas de uso do Cerrado a fim de sistematizar as relações estabelecidas entre o homem rurícola junto ao ambiente que o cerca, confrontando a dinâmica de desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental com seus respectivos atores sociais.
Apresentando um cunho investigativo, identificou-se os tipos de apropriação do território cerradeiro e se os mesmos condizem com a necessidade de desenvolvimento das comunidades Kalunga envolvidas, estabelecendo assim uma relação direta com as fontes de renda existentes e as propostas vigentes que garantam a preservação dos costumes e saberes da população local.

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[1] Geógrafa/ Pesquisadora de Ciências Humanas e So cioamentais – LABOTER/IESA/ UFG. Coordenadora do Projeto MAPITOBA – ECODATA. Contato: karlauegeo@gmail.com/ karla@ecodata.org.br
[2] Expressão retirada do projeto de pesquisa - Conhecimento popular e as práticas socioculturais- biodiversidade e visões contemporâneas do cerrado, escrito pela professora doutora Maria Geralda de Almeida.

[3] Citação retirada da tese de doutorado - A urdidura espacial do capital e do trabalho no Cerrado do Sudeste Goiano. UNESP, 2004.
[4]  Citação retirada da bibliografia: Vão do Paranã – A Estruturação de Uma Região 2002. pág., 28.
[5]  Pequena Central Hidrelétrica.
[6] Citação retirada da bibliografia: Símbolos da Paisagem do Cerrado Goiano. 2005. pág. 48.